sexta-feira, 10 de abril de 2009

Feliz Páscoa... Mas com que cara?


Não sou muito fã de certas imagens de Jesus.

Claro, né? Quem me conhece sabe que fui criada na Igreja Batista, avessa à qualquer imagem. Qualquer uma! Os templos são limpinhos, com uma cruz e só! Nada de Cristo Crucificado para sempre. Confesso que minha mudança para a Presbiteriana e, recentemente para a Anglicana, estão me fazendo ver imagens de outra maneira. Existe uma que eu amo e já postei - é a Jesus Cool do filme Dogma. Não que eu a leve a sério... Eu só gosto dela.



Dogma: Vale a pena ver de novo.

É verdade que as imagens falam mais que palavras. Só que se elas falam de algo sagrado, isso não faz com que ESTAS sejam sagradas.

Eu não acho que um cara magrinho, lourinho, de olhos azuis, batom e rímel iria agüentar um passeio até o Calvário na "agradável" companhia de soldados romanos. Não acho que judeus de Nazaré fossem tão clarinhos assim, mas nada disso faz diferença. Nada mesmo.




Pessoalmente também não gosto das representações da Paixão de Cristo. Acho que o espetáculo de simples violência iguala Jesus aos ladrões que lhe fizeram companhia no final. Os romanos faziam aquela "festa" com a maioria de seus "convidados". Não foi a maneira como Jesus morreu que provou que Jesus é nossa ponte com Deus. Tudo bem, cumprir a profecia foi importante, mas a maneira como Jesus viveu, o que ele disse, seu exemplo... Isso é nossa herança.

Escultura de Gian Lorenzo Bernini

"Quem é que garante que não foi um mané qualquer que escreveu aquelas histórias da carochinha e enganou todo mundo por 2.000 anos?"

Ninguém, benzinho... Ninguém. Mas experimente amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Experimente perdoar alguém setenta vezes sete vezes. Experimente contar as coisas em parábolas - essas histórias da carochinha que significam mais do que qualquer obra prima de qualquer filósofo - para garantir que as pessoas mais simples "vejam sem ver e ouçam sem entender".


Esta pintura é do fabuloso Gustave Doré

Experimente ficar tão tranqüilo com a mensagem que você quer passar que falar alto, fazer projeto-lei, se candidatar a presidente nem passe pela sua cabeça. Você só manda a sua "história da carochinha" e 2.000 anos depois ela ainda faz cócegas no entendimento dos outros. Aquela cócega que alimenta a ética antes da disciplina.



Experimente morrer e ressuscitar. Nem que seja uma metáfora para aquele dia em que você resolve que vai ser mais do que todo mundo diz que você pode ser. Aquele dia em que você resolve ser mais natural e procurar o valor que as coisas realmente têm. Aquele dia em que você descobre que amor e sabedoria alimentam a si mesmos: quanto mais você passa adiante, mais você tem.



Experimente entender que ninguém está perdido e acabado, que dinheiro vem e vai, mas o amor fica contigo e cresce, cresce e vai contigo para onde você for. Até para onde você só pode ir sozinho.

Seja quem foi o mané que inventou essa farsa toda, se não fosse por ele, viver era algo muito seco, sem sentido. O amor seria algo abstrato demais.



Enquanto isso, me deixa acreditar que Alguém deu a vida pelos amigos E PELOS INIMIGOS. É isso que me faz continuar respirando, continuar te respeitando pelo que você é, fazer algo de bom por você de graça, assim sem recompensa - porque Deus já fez de tudo por mim. Me deixa acreditar que Deus e seu Filho sofreram muito para chegar mais perto de mim - e a cara que eu tenho não fez diferença nenhuma para Eles.





Porque é que a cara Dele deveria fazer diferença para mim?

Feliz Páscoa.
Feliz Ressurreição pra todo mundo.



















Fonte da maioria das imagens: http://fotosdejesus.zip.net/ - Blog de Vera Stephanello